Recordo claramente do dia, em 1985, em que
entrei em uma conhecida loja de discos e encontrei suas prateleiras de LP
(discos de vinil) substituídas por fileiras de CD’s (compact disks). Na mesma
semana comprei um novo CD player. Mas também comprei dois toca-discos.
Tendo investido milhares de dólares em LPs de músicas maravilhosas, os quais
estavam se tornando obsoletos, eu queria ainda assim ser capaz de apreciá-los
por muitos anos. O resultado é que nos últimos 30 anos não se passa muito tempo
sem que eu compre um novo toca-discos.
Na ocasião me surpreendi ao ver como as
pessoas estavam vendendo ou mesmo descartando seus LP’s e toca-discos por causa
dos CD’s. Nunca compreendi essa forma de pensar. Entretanto, eu deveria saber
que muitas pessoas acham mais interessante ter a última tecnologia do que ouvir
ou possuir música sob qualquer forma.
O mesmo modo de pensar se aplicou à
fotografia e à música instrumental, minhas outras paixões artísticas.
Praticamente todos os dias alguém me pergunta que tipo de câmera eu uso. Para
mim, esta é uma pergunta estranha, porque já possuí centenas de câmeras de
todas as marcas e tamanhos e fiz fotos maravilhosas e horríveis com todas
elas.
Geralmente, quando estou tocando, meus
colegas músicos, que já deviam saber disso, vêm me dizer que o som da minha
guitarra é muito bom. Eu agradeço, mas me sinto tentado a dizer-lhes que soava
muito ruim nos primeiros 15 anos em que tentei tocá-la. O instrumento não
melhorou com a idade; eu é que me tornei um músico melhor desde então.
Uma característica da sociedade moderna –
incluindo aí o mundo empresarial e profissional – é a tendência de acreditar
mais nas ferramentas do que na habilidade. À medida que as tecnologias e
ferramentas melhoram, muitas pessoas passam a pensar que as ferramentas são
tudo. A ideia é que tudo o que você precisa é da ferramenta apropriada –
seja um computador, um smartphone, equipamento de multimídia, ou uma chave de
fenda – e o trabalho se fará praticamente por si mesmo.
Mas a verdade é que o instrumento musical
não produz som sozinho (bem, alguns o fazem, mas mesmo esses precisam ser
programados por um ser humano para saber o que fazer e quando). Computadores
não escrevem livros, planilhas detalhadas ou criam apresentações de multimídia.
E câmeras não tiram ótimas fotos sozinhas. Todos requerem habilidades,
tempo e dedicação a excelência por parte de seus usuários.
Por este motivo a Bíblia enfatiza o
reconhecimento de nossos talentos e dons e a importância de nos esforçarmos por
usá-los ao máximo. Por exemplo, Provérbios 22:29 afirma: “Você já observou um
homem habilidoso em seu trabalho? Será promovido ao serviço real; não
trabalhará para gente obscura.”
Obviamente, isso foi escrito muito antes
que as pessoas sequer imaginassem a existência de computadores ou qualquer
outro avanço tecnológico. Mas seja como for, a passagem não diz: “Você já
observou um homem com um martelo ou machado realmente bom...?”
Com todos os seus benefícios a tecnologia
pode levar à falta de iniciativa, tornando-nos dependentes de suas vantagens e
não dos nossos próprios esforços. Quanto a esta tendência, Provérbios 12:24
diz: “As mãos diligentes governarão, mas os preguiçosos acabarão escravos.”
Ferramentas de alta qualidade são úteis, sem dúvida. Mas não há substituto para
o trabalho árduo, a perícia e a decisão de desempenhar um trabalho da melhor
forma possível.
Por Jim Mathis
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